domingo, 25 de dezembro de 2011

Aquilo que eu não ouvi no informe do “Estado da Nação”

Com a devida vénia publicamos o texto de Celso Celestino Manhiça, o qual serviu como mote de debate no grupo do facebook Todos por UM Moçambique (Diálogos sobre Moçambique). Refira-se que o texto foi escrito dentro de um "chapa 100", no período em que o autor regressava da única forma possível ao coração do seu bairro. 

por: Celso C. Cossa 

1. A nossa economia tem crescido bastante, embora isso não se faça sentir no bolso do cidadão comum. Embora continuemos a comer mal. Dormir mal. Com transportes públicos deficientes. Saneamento precário. Portanto, verifica-se um crescimento económico divorciado do desenvolvimento humano. Não é isso que o moçambicano quer. Nem é para isso que temos nos concentrado as nossas forças, nas diversas frentes que temos desencadeado para acabar com a pobreza absoluta. 

2. O financiamento externo tem crescido muito, o que é bom para o país, especialmente para nós que ganhamos sempre algum em cada nova empresa que é instituída. Isso ajudará muitos dos "nossos" a engrandecerem os seus impérios de negócios (esses impérios que foram construídos em nome do dinheiro do povo). 

3. O nosso país tem um potencial enorme no que diz respeito aos recursos naturais. Isso é bastante bom. Por isso não devemos parar com as exportações ilegais. Para isso temos os nossos irmãos chineses para uma ajudinha. 

4. Não podemos acabar com a criminalidade porque alguns criminosos estão entre nós. São nossos amigos. Nossos compatriotas. Nossos irmãos. Filhos. Ajudam-nos com alguns favores. Por exemplo, PARA CASOS COMO DESSES QUE FALAM MAIS DO QUE DEVIAM. Podemos precisar de uma mãozinha. 

5. Garantimos a expansão do ensino. Temos salas numerosas. Professores "Turbos". Falta de apetrechamento nas salas de aulas. Bibliotecas vazias. Campus universitários fora das faculdades. E todo o resto que todos nós já bem sabemos. No final das contas são estes alunos e estudantes que temos: alunos que mal sabem escrever os seus próprios nomes, estudantes que mal escrevem uma carta de pedido de emprego e universitários que mal sabem se expressar, mal sabem formular um discurso coerente. 

6. Há algo a ganhar com uma educação deficiente como a nossa. Somente com pessoas formatadas, pessoas que não pensam, cegas, obedientes, inertes, ignorantes é que é possível continuarmos com o nosso propósito: enriquecer, enriquecer, enriquecer. enquanto os outros, a maioria, os verdadeiros donos deste país, o POVO empobrece e empobrece e empobrece. Não podemos ser todos ricos. Que graça isso pode ter? 

7. Os nossos filhos devem continuar a estudarem no estrangeiros. Somente assim é que podemos garantir a continuidade do poder. Um dia estaremos velhos demais para continuarmos. Alguém deve nos substituir. 

8. Vamos continuar a patrocinar o entretenimento. Esta música descartável. Estes cantores medíocres. Estas festas descabidas. Estas televisões. Só assim é que podemos manter as mentes dos nossos jovens ocupadas. Para que pensem que está tudo bem, porque as suas mentes estão extasiadas. Jovem que pensa não é bom para aqueles que sabem que têm muitas falhas de governação. Temos que tomar cuidado! 

9. Enquanto os jovens se atem às diversões, ao entretenimento, a toda essa falta de ocupação e irresponsabilidades nos devemos pensar em mais um jeito de justificarmos a saída de dinheiro dos cofres do estado. 

10. Estes Azagaia, Edgar Barroso (Apóstolo da Desgraça), Iveth, C. C. Cossa, Ismael Mussa, Mia Couto (os mortos também: Pedro Langa, Siba Siba Macuacua, Carlos Cardoso.) e tantos outros são venenosos não acreditem no que eles falam, no que eles dizem. São pessoas que querem impor-se a nossa verdade, a estória e a história que temos contado. 

11. Continuaremos a calar a boca dos que falam demasiadamente. Avolumaremos as suas cotas bancárias. Iremos pôr à sua disposição cargos de chefia. Ou então o ultimo recurso: providenciar o eterno silêncio. 

12. Não podemos acabar com a corrupção. Existirá sempre uma ocasião em que precisaremos de pular a cerca. Arquitecto que desenha e pedreiro que construi uma cadeia sem que atente a possibilidade de um dia lá estar preso é totalmente desprovido do sentido visionário. Nós somos visionários! 

13. O Branqueamento de capitais, as negociatas, as falcatruas, o tráfico de drogas, e tantas outras coisas que muitos andam aí a falar que nós fazemos só nos deixam mais fortes, com os pés mais assentes na terra. Por que razão acabar com ele? Porque temos de parar com isso? Se pararemos com isso aí é que as coisas se estragam mesmo - seremos desmontados, destituídos, perdermos o trono. 

14. Temos que continuar a lutar contra a POBREZA ABSOLUTA. Mas atenção: não façam confusão. Há aqui duas "pobrezas absolutas". Enquanto para uns a "Pobreza a absoluta" é viver a baixo de um dólar por dia, sem uma habitação condigna, sem água, sem luz, sem acesso à educação, à saúde, para outros a "Pobreza absoluta" é andar em altos carros, últimos gritos (aqueles que ate os que os fabricam não conseguem ter com a facilidade com que muitos aqui no nosso país conseguem), viver em casas assustadoras, terem contas obesas. 

15. A lambibotice, o "engraxa sapato", o "falar para agradar o poder" devem continuar. Só assim os bolsos de "alguns" continuaram a engordar. Isso é uma garantia. É uma pena que existam pessoas que preferem "chutar latas" nas nossas ruas em vez desenvolverem essa capacidade de ganhar dinheiro facilmente. 

16. O acesso ao emprego, usando o critério do "apelido", as "costas quentes" deve continuar. Isso constitui o enraizamento do nosso poder sobre os demais. Não podemos nos misturar, sob pena de seremos descobertos e, assim, comprometermos os nossos propósitos para as gerações futuras. Continuarmos a governar. 

17. Não devemos admitir que um sei lá das quantas nos queira governar. Quem é ele? Combateu aonde? Quantas balas ele disparou? Mal conhece as matas deste país e agora quer nos governar. Isso não! 

18. Não tenham medo daqueles que são contrários, opositores às conquistas que até agora conseguimos. É sempre assim: "eles" sempre têm o que falar, mas depois calam-se. E continuam as suas vidas como se nada tivesse acontecido. Temos vários exemplos disso. Recuem um pouco o tempo. Há muito que podem encontrar. Muito! 

19. Como podem ver, o ESTADO DA NAÇÃO é bom. Para quem? Para nós que temos todas as plataformas montadas para perpetuarmos o nosso poder. Controlamos tudo. A educação. Os órgãos sociais. A economia. As leis. Em fim o POVO. 

20. O poder só existe quando há pessoas nas quais podemos submeter tal poder. É por isso que POVO deve continuar POVO. E nós aquilo que sempre fomos, desde que libertamos este país. 

Tudo isto e mais alguma coisa o nosso Chefe de Estado infelizmente não falou no INFORME DO ESTADO DA NAÇÃO. 

Fonte:

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Nova onda dos assaltos em Maputo


A Segurança Empresarial alerta que assaltos a veículos em movimento estão ocorrendo em Maputo, especificamente na região da Av. Marginal. A atenção deve ser redobrada nesta região, porém a prática pode se estender à outras localidades da cidade.
Naquele trajecto e principalmente no trecho entre o Hotel Southern Sun e o Clube Naval, os assaltantes aproveitam-se da falta de policiamento e iluminação da região para subtrair a força, bens que consideram valiosos.
A abordagem dos marginais chama atenção pela ousadia e violência, já que ultrapassam o veículo da vítima em alta velocidade e com uma manobra perigosa bloqueiam sua passagem. Imediatamente desembarcam com as armas em punho anunciando o assalto.
Para estas situações orientamos a seguir práticas preventivas de segurança, tais como:
- Dirigir com os vidros fechados, usando o sistema interno de ventilação. Use o cinto de segurança e mantenha todas as portas trancadas. Desta forma estará preparado para uma paragem inesperada, provocada por um obstáculo criado para fazê-lo parar, por arremesso de projéctil contra o veículo, ou até mesmo pelo veículo dos assaltantes;
- Evite o uso ostensivo de jóias quando estiver dirigindo e, quando o fizer, mantenha-se permanentemente em alerta;
- Não pare para auxiliar outros motoristas em locais sem movimento e ou horas avançadas. No caso de lhe parecer pessoa acidentada, avise a Polícia imediatamente;
- Se perceber que está a ser seguido por outro veículo, procure agir com naturalidade e dirija-se para as vias de grande movimento onde poderá localizar uma viatura policial e pedir ajuda;
- Caso seja abordado, mantenha a calma, avise antes de tomar qualquer acção e faça pequenos gestos próximos ao corpo se necessário. Saiba que muitas vezes os assaltantes estão sob o efeito de drogas e nestas condições não ouvem muito bem.
Lembre-se que uma forma de prudência é antecipar-se ao perigo, prevenindo-se.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O Palhaço Dançarino que Queria ser Herói

Era uma vez, um palhaço dançarino que vivia na Cidade Capital das Acácias. Tão dançarino ele era que não sabia dançar e, por vergonha fingia que era herói. Tantas histórias inventou até que num ramo feminino, acabou andado de carro dos deputados.
Muito contestados eram os tais carros parlamentares que comprados numa época em que se pregava a austeridade, ninguém parecia escutar. Sabia o palhaço que essa austeridade era só para o Zé-povinho que de política nada entende.
Era bocudo o tal palhaço, tão mal falava que chegava a ofender os seus próprios pais e sua mulher que aos poucos também foi perdendo os miolos. Afinal, de palhaçada não se vive.
Um dia, o palhaço dançarino percebeu que o seu futuro como dançarino andava comprometido porque não sabia dançar, decidiu então armar-se em palhaço empresário que vende direito. Tão insignificantes eram os seus rendimentos que na verdade nunca melhorou a ponto de mudar de vida.
Percebeu então, o palhaço dançarino que a sua terra natal podia ser um bom produto para vender. Mas a terra, só por mentira, no País das Acácias, pertence a todos e a ninguém pode ser vendida. Assim, decidiu colher algumas folhas de árvores secas e para si cozeu roupas parecidas às dos macacos selvagens que só pensam na comida, no sexo e no descanso. Afinal, o dançarino palhaço, era um animal selvagem.
Quando o País das Acácias abre a época das palhaçadas democráticas, o palhaço dançarino que queria ser herói vem com as suas: ou porque é mais palhaço que todos, ou porque tem sangue real, ou porque cultiva a sua comida de madrugada ou ainda porque sabe tudo e mais alguma coisa. A única coisa que parece não saber é que ele é somente um palhaço.
O palhaço dançarino que queria ser herói atinge o seu orgasmo na época das palhaçadas democráticas. Perde a cabeça, abre as pernas, rasga a boca e lambe todo o tipo de sujidade. Suas palhaçadas chegam a ser ridículas quando começa a irritar àqueles que ele queria escovar. De repente está sozinho, pescando na rocha.
Um palhaço tem aquela cara ridícula, aquela fala nojenta e aqueles olhos mal direccionados. Nada de errado. Mas tem também as calças furadas na zona traseira, deve até tomar no buraco, tem dentes sujos e bolsos vazios. Nada de errado. O errado mesmo é ele se convencer que tudo é mentira, que todos os outros são ignorantes e que ele é o máximo.
Num desses dias o Chefe do País das Acácias, o mesmo que é promotor da orgia dos palhaços e das palhaçadas democráticas prometeu-lhe um lugar lá na sede dos palhaços mor. Prometeu-lhe uma casa num parque de diversão, prometeu-lhe uma viatura que fosse executiva. Foi assim que o palhaço dançarino mudou de nome, mudou de rua, mudou de roupa, mudou de amigos e até de ideais. Mas as promessas do chefe tinham uma condição: nada de querer ser herói, não há mais lugar para heróis, ainda mais quando se é palhaço. Todos os palhaços deviam saber dançar um certo ritmo batido no norte e assim foi.
Mas como o nosso palhaço não sabia dançar, sabem o que lhe aconteceu? O óbvio: disse como fazem os macacos que o chão é que estava torto. E como era uma orgia dos palhaços todos outros sentiam o mesmo e ficaram felizes, entraram em gargalhadas, em delírio e começaram a dançar!

Continua….

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Carta Aberta ao Ministro da Indústria e Comercio

Prezado Senhor Ministro,

Decidi escrever-lhe esta carta porque como jovem que o senhor é poderá facilmente perceber os desafios desta também jovem nação. Este é um país pobre, por cá, em muitos aspectos, se vive um cenário “sui generis” e parece que a cada dia, o nosso povo, se conforma em viver de esquemas e não de políticas públicas.


Eu sou daqueles que não se conforma. Prefiro políticas públicas e não esquemas. Estou saturado de ver pessoas a prosperarem graças ao abuso do poder e da legalidade. É um pouco por causa disso que escrevo-lhe esta carta.
Como o senhor deve melhor saber, neste país, os preços dos produtos de primeira necessidade são marcados a bel-prazer dos vendedores. É normal que um quilograma de açúcar esteja 20 meticais numa loja e na loja ao lado custar 50 meticais. É normal que um quilograma de farinha de trigo custe 30 meticais aqui e ali ao lado custe 60 meticais.


É normal que uma garrafa de água mineral custe 40 meticais aqui e ali ao lado custe 100 meticais. Um vende o quilograma de carne por 75 meticais e o outro vende a mesma quantidade e qualidade a 200 meticais. Em resumo, cada um marca o preço que bem entende e o senhor ministro, parece não ficar preocupado.


Já não basta que os pobres deste país paguem o IVA desses comerciantes? Já não baste que os tais comerciantes vendam produtos sem garantia? Já não baste que não tenhamos uma política de protecção ao consumidor? Já não baste que em muitas circunstâncias adquiramos produtos sem qualidade? Numa verdadeira compra de gato por lebre e o senhor ministro não se preocupe? Ainda por cima temos que sair para as compras sem saber qual o exacto preço dos produtos?


Senhor Ministro, será que é difícil marcar um preço máximo para os produtos básicos? Podia por exemplo determinar que, o preço máximo de um quilograma de arroz é 20 meticais. É portanto, permitido vender a baixo disso, mas nunca acima, sob pena de responsabilização. Podia determinar, por exemplo que um quilograma de açúcar deve custar no máximo 15 meticais, sendo que qualquer comerciante que aplique preços acima desse passa a incorrer em responsabilidades. Note que, os preços aqui mencionados são somente a título indicativo, creio que o senhor conhece os reais preços dos produtos que exemplifico.


Esse seria um ganho durante o seu mandato. Quando o senhor não mais for ministro desse pelouro nós nos lembraremos com muita alegria e orgulho. Terás ganho algo para o nosso povo e não serás que nem aqueles ministros que entram, ficam no poder 2, 3, 4 ou mesmo 5, 6, 7 anos e quando saem não mais nos lembramos deles senão na negativa.


Caso de Pacheco que no Interior só atrapalhou e a única coisa de que nos lembramos é ele a subir a PGR com um relatório de auditoria na mão. É caso de Soares Nhaca que de Agricultura nada entendia e só nos lembramos dele por causa da sua forma mágica de vestir: durante todo o seu mandato, nunca conseguiu combinar a roupa, os sapatos e a gravata.


É caso de Munguambe que dos Transportes nada deixou senão processos crimes. É o caso de Tobias Dai que embora com sangue real, na Defesa deixou-nos lembranças amargas: um país em chamas e vítimas nunca ressarcidas. É o caso de Luciano de Castro que no Ambiente passou como se fosse um fantasma, não foi visto e a ninguém viu.


É também o caso de Alcinda Abreu que nos ensinou uma diplomacia nublada. Só ela percebeu qual foi a política externa deste país. É o caso de Ivo Garrido que pareceu uma ejaculação precoce, tanto prometeu que quando começou a operar parou sem atingir o ponto G.


Podia mencionar tantos outros, desde ministros, vice-ministros, directores nacionais e governadores que passaram pelo poder e nunca criaram mudanças, nem contribuíram para a melhoria de vida dos cidadãos, mais se aproveitaram do cargo do que fizeram os moçambicanos ganharem.


Rogo que esse não seja o seu destino. O senhor é jovem, não é fantasma, sabe vestir-se, sabe comunicar-se e parece que não corre os mesmos riscos de deixar o país em chamas ou não encontrar o seu ponto G. Se não poder influenciar positivamente no comércio, onde acho que não vale a pena obrigar as pessoas a consumirem o produto nacional quando não há politicas públicas que assim incentivem, então vire-se mais para as indústrias.


Este país quando industrializado pode ser bastante rico. A nossa agricultura não anda porque é praticada de forma rudimentar. Mas se começar a pensar em políticas para potenciar os agricultores com máquinas não pesadas, como aqueles tractores de mão, que podem ser importados da índia, da China e do Brasil sem encargos e oferecidos, emprestados ou vendidos a baixo custo para os agricultores ou associações de agricultores, vai ver que vamos ganhar bastante.


Quando descobrires que Moçambique produz bastante fruta como a manga, a laranja e o ananás. Quando descobrires que Moçambique produz bastante mel, bastante mandioca e bastante banana e pensares que podes investir em algumas pequenas máquinas de processamento para produção de sumos, doces, farinha medicamentos e outros géneros, poderás com certeza contar com países irmãos como a África do Sul, como o Zimbabwe e até aqueles que acima mencionei caso de Brasil e verás que terás contribuído verdadeiramente para combater a pobreza através da produção de riqueza.


Combater a pobreza não passa pelo discurso. É falso que a pobreza está na nossa cabeça como também é falso pensar que basta que um produto tenha o selo Moçambicano para que seja consumido por nós.


Senhor Ministro, espero que tenha sido bastante claro para deixar aqui os recados que achamos poder ajudar o país através da vossa intervenção.


Estamos aqui para ajudar onde podemos e lembre-se: quando não mais for ministro poderá arrepender-se de não ter contribuído para mudanças positivas no pelouro, afinal V.excia também terá de comprar dos comerciantes e nós, nós lembraremos de si como aquele jovem que chegou esperto e saiu assustado.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Big M: a Luz Que te Fará Ver o Caminho

18-08-2011
Hoje, parece que todos nós conhecemos o caminho do destino que pretendemos. Parece que podemos ver o futuro e o passado. Parece que podemos ler os sinais e modificar as regras naturais. Mas há áreas no universo que não dependem do quanto nós podemos fazer. Elas dependem mais do quanto nós podemos ter a luz que nos faz ver e distinguir os caminhos.

Eu, continuo buscando o caminho que me guiará ao destino da existência que me faz merecer esta misteriosa vida. Conto para tal com a luz incorruptível que me guia desde o meu primeiro dia. Esta é a luz que me guia, que guia a minha existência e a existência da minha essência.


Esta, é a luz que almejo um dia guiar o ser que se chama Murenga, o Big M. Murenga nasceu um homem. Nasceu um guerreiro. Nasceu lutando pela sua vida e pela sua existência. Murenga tem um nome que lhe caracteriza, embora lhe tenha sido dado antes mesmo de nascer. Queria eu que ele fosse simplesmente um revolucionário. Alguém que quebrasse os paradigmas e desafiasse o ordinário e o comum. Mas ele foi para além daquilo que a minha mente podia alcançar. Mostrou-me uma outra forma de vida, de pensar e de acreditar.


Nascido fora do tempo, desafiado pelo peso incomum, experimentou a não circulação sanguínea e todos dias pagou alto para comer, para dormir e para respirar. Era um menino que não garantia vida. Um menino que não chorava e não dizia porque! Tão inocente que não percebia o mundo e olhava para todos como quem não se importa de viver ou morrer. Os pais não podiam somente dormir. Ele não podia connosco trocar frases comuns, emitia sinais confusos, sinais que não nos diziam sim ou não. Mas eram sinais de vida.


Foi então que a ciência nos desafiou a capacidade e percebi que no mundo não se sobrevive sem o dinheiro. Percebi também que não se sobrevive sem as pessoas de boa vontade, aquelas que quebram as regras para salvar vidas ou fogem do formal para dignificar a existência. E como pássaros voamos para nenhum lugar a busca do melhor e do nada. A busca de um caminho, de um destino, de uma palavra e de um sorriso.


Hoje, faz um ano este menino. Hoje, diz alguma coisa este menino, hoje vejo neste menino um pedaço da luz que nos fez acreditar na luta e na vitória. Hoje vejo a certeza de um amanhã diferente construído por mãos de boa vontade.


Murenga quer dizer revolucionário. Murenga é um espírito rebelde, inconformado e lutador. Este menino não se conforma com a fraqueza. Ele se revolta contra toda a forma negativa de viver, lutará sim por um amanha ainda melhor e duradouro. Este menino continuará a revolução que paira nos nossos sonhos. É um menino que vive para sempre!


Devo dizer-te Murenga, que a luz que te faz ver o caminho, ela arde dentro de ti e queima. Ela aquece a todos nós que contigo respiramos o ar da imortalidade. Esta luz jamais se apagará. Nunca se apagou. Jamais se apagará porque nós acreditamos e porque as pessoas de boa vontade sempre existirão. Esta luz vive da fé e da boa vontade. E tu precisas desta luz, porque sem ela a existência não tem valor nenhum.


Feliz Aniversário Big M!
Teu pai..

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Ali Baba e os 40 Ladroes Daqui

A história repete-se. E a de Ali Baba e os seus 40 ladrões teve a proeza de repetir-se aqui. É que um conjunto de pessoas que têm consigo o poder de decidir estão a fazer de tudo para transformar os poucos recursos das pessoas daqui como a sua caverna de riqueza.


Desde o permitido até ao não permitido, o braço longo desses que detêm o poder, não pára de saquear o pouco que a gente daqui tem. O pior, é que, até o pouco que essa gente não tem, também lhe é tirado. Como Samora disse, o ambicioso não muda, mas muda de táctica, assim também o Ali Baba e os 40 ladrões daqui, apareceram com novas tácticas e novos poderes. Vejam só:


Desde as taxas de lixo e de rádio difusão que nos são cobradas compulsivamente e as vezes repetidamente, acresce-se a taxa do imposto autárquico, o valor acrescentado e os impostos sobre os rendimentos. Acima disto vêm as taxas das matrículas de viatura, as taxas de inspecção de viaturas, o manifesto e também as de rádio na viatura.


O bilhete de identidade e o passaporte passaram a ter uma taxa também elevadíssima. Só o cartão de eleitor é que não tem essa taxa (obviamente). Para além destes, temos a contribuição industrial e os impostos sobre os rendimentos de trabalho. Temos também a contribuição predial e a contribuição de registo.




A reconstrução nacional sujeita os cidadãos nacionais e estrangeiros a uma taxa. Isso não é o fim, temos ao seu lado o imposto de turismo e o imposto sobre os combustíveis. Da contribuição industrial nem vou falar aqui. Mas importa dizer que existe um imposto para consumos específicos e o famoso imposto complementar.


Ao lado dos direitos aduaneiros que Ali Baba e os seus 40 ladrões não pagam, estão o imposto de selo, a segurança social e o imposto sobre o rendimento de trabalho. Tudo isto e outro tanto que poderia contar aqui faz parte da estratégia de saque orquestrado por esses ladroes.


Os salários é que não sobem, mas o custo de vida não pára de subir. A riqueza da gente daqui não aumenta mas a pobreza não pára de subir. Também não pára de subir a riqueza e a glória de Ali Baba e os seus 40 ladrões.


A máxima das máximas e a mais recente é a tal lei cambial e o seu regulamento. Uma nítida história de roubarem sem vergonha as poupanças da gente daqui. Só Ali Baba e os seus 40 ladrões é que podem ter divisas. Nós outros, só mostrando um visto de viagem. Dizem que a medida visa recuperar o dinheiro que não foi possível obter com o quase fracasso da história das inspecções de viatura.


Se Ali Baba e os seus 40 ladrões roubassem e compensasse as pessoas daqui com serviços públicos de qualidade ou pelo menos aceitáveis, com certeza que não haveria razões para tanto reclamar. É que quase tudo não anda. O serviço público é o último recurso das pessoas daqui. O ensino não tem qualidade, a saúde não responde os desafios, os medicamentos são retirados dos hospitais para serem vendidos nas esquinas. Os anti retrovirais estão a desaparecer.


O lixo não é retirado das ruas, dos passeios e dos caixotes. As estradas estão esburacadas e o atendimento público é péssimo. A polícia vem para extorquir e a madeira daqui é transportada para China. Os mega projectos não pagam impostos e a televisão pública passa o tempo a dar novelas. Ali Baba e os seus 40 ladrões vão inventado manobras abortivas para fingir que estão preocupados e transformam as empresas de prestação de serviços públicos em suas próprias empresas.


Já ninguém sabe a conta das empresas de Ali Baba e os 40 ladrões, mas muitos sabem que uma boa parte do que inventam em nome do Estado vai para essas empresas privadas ou sai através dessas empresas de Ali Baba e os seus 40 ladrões. Os amigos do Ocidente conhecem a história toda, contudo, preferem fazer vista grossa e apoiar os caprichos de Ali Baba e os seus 40 ladrões em troca de um futuro melhor que nunca chega.


O Ali Baba e os seus 40 ladrões entraram para a caverna da riqueza com o trabalho de casa bem estudado. Depois de terem retirado a venda dos olhos da justiça destorceram o prumo da sua balança e compraram a casa que faz as leis, depois de terem instruído muito bem o garante da legalidade. Coitado dele, era tão bom rapaz.

Mas como é que terminou mesmo a história original de Ali Baba e os 40 Ladrões?

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Funcionários Públicos que vivem Prejudicando o Cidadão!


O analfabetismo tem os seus males. Um desses males é a ignorância. Sim, nem todos os ignorantes são analfabetos e vice-versa! Mas muitos analfabetos são ignorantes.


Infelizmente e não sei porquê, muitos funcionários públicos moçambicanos são ignorantes. Eles não conseguem perceber o que efectivamente representam. Alguns não conseguem definir o que significa o termo funcionário público e por conta disso, a cada dia assistimos e registamos actos bizarros dos funcionários públicos que ao invés de cumprirem com a sua missão eles fazem completamente o inverso.





O Estado, nos seus fins, visa garantir a justiça, a segurança e o bem-estar aos cidadãos. E é por isso que contrata pessoas para levaram a cabo tarefas que conduzem àqueles três fins. Essas pessoas designam-se por funcionários públicos.


Um funcionário público é um servente. É verdade sim! Um funcionário público é servente do cidadão, ele é contratado pelo Estado para servir aos cidadãos. Os cidadãos, através dos impostos que pagam ao Estado, contribuem para o ordenado que mantêm os funcionários no activo. Alguém pode dizer que o Estado paga mal aos seus funcionários. A verdade é que paga e paga com o dinheiro dos cidadãos.

Os polícias são funcionários públicos, os militares são funcionários públicos, os juízes e procuradores são funcionários públicos, os alfandegários e os professores de escolas públicas são funcionários públicos, os enfermeiros dos hospitais públicos são funcionários públicos. Aqueles que trabalham nos ministérios, direcções nacionais ou direcções provinciais são também funcionários públicos. A lista é enorme.

Poucos são aqueles que trabalhando em instituições estatais não são funcionários públicos, porem, a maior parte é composta por funcionários públicos.

Deixe-me falar dos prevaricadores:

Comecemos pela polícia. Estes parecem ser os mais prevaricadores os que mais prejudicam os cidadãos. Não interessa se é polícia de trânsito, se é polícia de protecção, se é polícia de investigação criminal ou de intervenção rápida. Logo que ele tiver uma oportunidade aproveita-se dos meios do Estado em sua posse para extorquir o cidadão. (muitos desses meios podem matar, são os meios usados para coagir o cidadão).

Os polícias de protecção, ora porque querem o Bilhete de Identidade, ora porque querem declaração de residência, ora porque querem factura de bens que eventualmente transportas, ora porque querem saber porque caminha aquela hora e no fim da história pedem algum dinheiro para refresco!

Os polícias de trânsito também têm das suas. Mandam parar os automobilistas por nada, pedem carta, pedem livrete, pedem manifesto, pedem inspecção, pedem titulo de propriedade e bilhete de identidade, perguntam sobre o cinto de segurança, verificam as piscas, as luzes, o interior da viatura, o estado de embriagues ou lucidez do motorista e por fim o mais importante: um dinheiro para refresco! Adoram ser chamados de “chefe”.

Azar teu se cair nas mãos da polícia de investigação criminal. (sobre estes devo abrir parentes aqui: a direcção deles gosta de deixar os doutores, os moderados e os não ignorantes sentados no escritório e mandam os buçais, os grossos e os ignorantes para as operações) estes quando vão as operações e encontram o suspeito, já lhe condenam: começam os chambocos, tiram-lhe os bens todos, colocam-lhe na bagageira do carro e dão voltas pela cidade com ele. Se tiver dinheiro e celular, eles levam. Se quiseres subornar, podes faze-lo. Eles vão aceitar, vão dar te uns pontapés e mandam-te para casa. Adoram ser chamados de “doutor”.

Da FIR não vou falar. Já os conhecemos, eles quando chegam destroem tudo que encontram e depois os Ministros vêm afirmar que os tais agentes estavam a servir o povo garantido a segurança.


Outros prevaricadores sem escrúpulos são os funcionários dos guichés, nas repartições públicas. Nunca chegam a hora, nunca tomam atenção nos pedidos dos cidadãos, estão toda a hora a comer ou a falar ao telefone, usam intervalos longos e são pontuais na saída: 15hras já não atendem ninguém. E o horário da função pública é 15.30Hras. Para o teu assunto suceder, tens que deixar “algum” com o funcionário que te atendeu. Muitas vezes o chefe já perde o controlo desses funcionários e só atende casos que lhe são permitidos receber. São casos daqueles que “soltaram” algum lá na secretaria.

Dos alfandegários não preciso falar aqui. Eles se destacam por engordar mais que todos os funcionários públicos. Só competem na gordura com os polícias de trânsito e com algumas senhoras dos guichés de certas repartições públicas. Por uma única razão: estão amarrados num sítio com muito bom campim!

Dos juízes e procuradores já se disse muito. A justiça deles tem cor e muitas vezes depende se recebe um envelope ou uma chamada telefónica. É engraçado que a balança que usam carrega um camelo com muita facilidade e rapidez mas morre de sufoco quando é para carregar uma formiga.

Os enfermeiros são capazes de deixar um pobrezinho morrer. Mas fazem de tudo para atender alguém que pode “soltar”. Perderam a sensibilidade. A única sensibilidade que ainda lhes resta é a do dinheiro. Possuem um faro apurado para distinguir quem tem dinheiro e quem não tem.

Os motoristas dos transportes públicos de passageiros, que também são funcionários públicos, já não têm diferença com os motoristas dos “chapas 100”, ou motoristas dos matadouros ou currais. Sim, até parece que transportam animais: não respeitam as velocidades, não respeitam as ultrapassagens, não respeitam as lombas e muito menos respeitam os semáforos e os outros automobilistas. Estes também são pagos pelo dinheiro dos cidadãos.

Pior de todos esses são os chefes deles. Vivem de todas as mordomias pagas pelos cidadãos e ainda roubam o dinheiro que deveria servir para melhorar a vida das pessoas. Sacam o dinheiro do Estado para as suas contas pessoais, usam carros do Estado para seu bem pessoal. Utilizam funcionários públicos de baixa categoria para seus trabalhos domésticos. Gabam-se de ser antigos combatentes, de libertarem a pátria e de terem determinado apelido. E vão espezinhando o máximo que puderem: seus inferiores, seus colegas, seus inimigos, os cidadãos e as vezes a sua própria família.

Criam empresas para concorrerem com o Estado e particulares. As suas empresas sempre ganham os concursos públicos. Produzem ou importam produtos para fornecerem ao Estado e envenenam o sector privado com a sua ganância de enriquecer e enriquecer mais e mais.

Estes funcionários públicos e outros que não consegui mencionar, vivem a custa dos cidadãos. São verdadeiras sangue sugas. O que prejudicam os cidadãos, os que demoram os processos, os que encarecem os custos, os que perturbam a vida e os que reproduzem o desespero.

Ao lado deles estão os deputados da Assembleia da Republica, que também são funcionários públicos. Possuem salários chorudos, acabaram de receber 10 milhões de dólares para comprar viaturas do “último grito” para cada um dos 250 deles. Possuem passaporte diplomático, não pagam direitos aduaneiros, viajam na primeira classe, tem a renda de casa paga e um conjunto de subsídios. Adoram serem chamados de “Excelências”. Mas passam vida a dormir e ou a legislar matérias do seu próprio interesse ou do interesse dos partidos!

Com este andar, precisamos encontrar outro conceito para os fins do Estado, já que estes agentes não prosseguem o fim para que foram contratados, garantir a justiça, a segurança e o bem-estar dos cidadãos. Já que caminhamos para uma possível revisão Constitucional, porque não propormos acrescentarem nos fins do Estado o seguinte: “O Estado também visa extorquir o cidadão, prejudicar o cidadão e realizar os objectivos dos seus representantes?”.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Grécia no seu melhor


Le-se, por vezes, que os gregos, coitadinhos, são um pobre povo periférico que está a sofrer as agruras de uma crise internacional aumentada às mãos da pérfida Merkel.

Já é tempo de sair desta superficialidade, de perceber que os gregos têm muitas culpas no cartório, que não foram sérios e não estão a ser sérios. Os gregos levaram a lógica dos "direitos adquiridos" até à demência, até à falta de vergonha.

Contam-se factos inauditos. Os exemplos desta falta de seriedade são imensos, a saber:

1 - Em 1930, um lago na Grécia secou, mas o Estado Social grego mantem o Instituto para a Protecção do Lago Kopais, que, embora tenha secado em 1930, ainda tem, em 2011, dezenas de funcionários dedicados à sua conservação.

2 - Na Grécia, as filhas solteiras dos funcionários públicos têm direito a uma pensão vitalícia, após a morte do mãe/pai-funcionário público. Recebem 1000 euros mensais - para toda a vida - só pelo facto de serem filhas de funcionários públicos falecidos. Há 40 mil mulheres neste registo que custam ao erário publico 550 milhoes de euros por ano. Depois de um ano de caos, o governo grego ainda não acabou com isto completamente. O que pretende é dar este subsidio só até fazerem 18 anos …

3 - Num hospital público, existe um jardim com quatro (4) arbustos. Ora, para cuidar desses arbustos o hospital contratou quarenta e cinco (45) jardineiros.

4 - Num acto de gestão muito “social” (para com o fornecedor), os hospitais gregos compram pace-makers quatrocentas vezes (400) mais caros do que aqueles que são adquiridos no SNS britânico.

5 - Existem seiscentas (600) profissões que podem pedir a reforma aos 50 anos (mulheres) e aos 55 (homens). Porquê? Porque adquiriram estatuto de profissões de alto desgaste. Dentro deste rol, temos cabeleireiras, apresentadores de TV, músicos de instrumentos de sopro …

6 - Pagava-se 15º mês a toda a classe trabalhadora.

7 - As Pensões de Reforma de 4.500 funcionários, no montante de 16 milhões euros por ano, continuavam a ser depositadas, mesmo depois dos idosos falecerem, porque os familiares não davam baixa e não devia haver meios de se averiguar a inexactidão dessa atribuição.

8 - Chegava-se ao ponto de só se pagarem os prémios de alguns seguros quando fosse preciso usufruir deles!

9 - A Grécia é o País da União Europeia que mais gasta, em termos militares, em relação ao PIB (dados de 2009). O triplo de Portugal!

10 - Há viaturas oficiais da administração do Estado que têm 50 condutores. Cada novo nomeado para um cargo nomeia três ou quatro condutores da sua confiança, mas como não são permitidos despedimentos na função pública os anteriores vão mantendo o salário.

No dia 27/06, o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentou mais uma à lista.

Afirmou ele: “Na Grécia, cerca de 90% da terra não tem cadastro”.

Agora digo eu: sabem o que significa isso? Significa que os proprietários não pagam impostos. Eu já tinha ouvido dizer que os gregos não pagavam impostos. Ora, a grande receita do Estado provém dos impostos. Isto quer dizer que o erário publico do Estado grego esta vazio, totalmente vazio. Quer dizer, os milhões da UE é que serviram, durante todos estes anos, para manter o nível de vida atingido dos gregos. Não admira que já tenham estoirado 115 mil milhões e agora precisem de mais 108 mil milhões.

Depois, para cumulo, tem a orquestrar a instabilidade e a violência no Pais os sindicatos comunistas, que convocam greves sobre greves para afundar ainda mais tudo e fieis, la como ca, ao seu lema preferido: “QUANTO PIOR, MELHOR! “

E so ver na televisão o resultado criminoso da actuação daqueles sindicatos, sob a capa de actuarem para o bem do Povo … quando o estão a afundar cada vez mais.

Cada dia de greve são centenas de milhões de horas de trabalho destruídas, alem da riqueza que deixa de ser gerada, riqueza que e a única coisa que poderá ajudar a Grécia a sair do buraco em que se encontra.

P.S.
Compreende-se agora, preto no branco, a indignação e a resistência dos contribuintes dos Países emprestadores, nomeadamente da Alemanha, em ver o dinheiro dos seus impostos e das suas poupanças serem canalizados para estes fins. Quaisquer cidadãos, de outro qualquer Pais, teria justamente essa mesma reacção.

Fonte: Internet (recebi este artigo via e-mail)...

terça-feira, 21 de junho de 2011

Perigo: Tráfico Humano


A mini – série americana “Tráfico Humano” (Human Trafficking) é muito dolorosa de ver. Produzida em colaboração com o Departamento da Homeland Security dos EUA a série retrata em pormenor os truques e artimanhas que os traficantes internacionais usam para enganar e explorar as mulheres de todo o mundo. Um jovem que finge a paixão, a promessa de trabalhar no Ocidente como baba, dançarina ou servente, o simples rapto... As “técnicas” mudam do país para o país, mas o fim é sempre o mesmo: escravidão sexual, cativeiro, violência, ameaças de morte contra os parentes e familiares, suicídio...

Este filme deve ser visto por todas as mulheres que são aliciadas para trabalhar no estrangeiro, espero que as televisões moçambicanas vão encontrar o espaço na sua grelha de programação para demonstrar essa película abrilhantada pelos desempenhos dramáticos da Mira Sorvino, Donald Sutherland e Robert Carlyle. 

Ver o trecho no YouTube:
http://www.youtube.com/watch?v=A4bLeY2xwtg

quarta-feira, 16 de março de 2011

Caça aos Drogados de Miami

Reflexão ao amigo Arsénio Henriques (STV)

Caro amigo Arsénio,
Vi com certo desagrado o programa que passou hoje de manha (dia 16 de Março de 2011) na STV em que tu acompanhaste alguns agentes do Departamento de Polícia de Miami, em Janeiro, a busca de supostos consumidores de droga, traficantes e outros nas artérias da Cidade.
O meu desagrado não tem a ver com a reportagem em si, estiveste bem meu amigo e mais uma vez parabéns a ti e a equipa que te acompanhou. O meu desagrado vem na sequência desse tipo de buscas direccionadas e imbuídas de preconceitos.
Fonte da Imagem: aqui

Deixe-me chamar-te atenção à algumas questões que considero importantes:

Em primeiro lugar, pareceu-me que os agentes policiais que acompanhaste já sabiam muito bem quem eram os supostos consumidores, sabiam qual era a sua ocupação diária, sabiam também onde os encontrar e até previam o tipo de reacção por parte deles. É verdade, não porque estavam bem preparados embora estivessem, mas porque:

Quem são os consumidores de droga: os jovens negros!

Onde vivem os consumidores de droga: nos bairros periféricos de Miami!

Quais é a ocupação dos consumidores de droga: desempregados!

Qual o nível académico dos consumidores de droga: analfabetos e alguns, poucos com o nível secundário!

Onde encontrar os consumidores de droga: nos parques, nas varandas das suas casas, nos passeios das ruas e em pequenas viaturas do bairro!

Como é a família dos consumidores de droga: desestruturada!

Proveniência da renda dos consumidores de droga: pequenos furtos e programas sociais públicos!

Idade dos consumidores de drogas: dos 10 anos aos 45 anos!

Esperança de vida dos consumidores de droga: 30 anos de idade (quase sempre por morte violenta)!

Podia aqui enumerar outras características desses malditos consumidores de droga, aqueles que poluem a cidade e a tornam perigosa, mas tu viste tudo isto com os teus olhos e reportaste. Deves ter notado também que os agentes policiais eram brancos. Maioritariamente brancos. Chega a parecer uma guerra racial, num país em que o presidente é negro, na percepção de muitos.



Até achei muito interessante o facto de um dos negros que estava em melhor posição nos factos que reportaste teres sido tu meu caro amigo. Um negro de Moçambique!
Se calhar o que não viste meu amigo, é o que mais importa. Não foste visitar os bairros onde moram os brancos de Miami quem sabe podia encontrar o mesmo cenário, pior ou melhor? Ninguém sabe. O que sabemos é que a luta contra os pequenos consumidores de drogas em pequenas quantidades, como a marijuana (passa), o krack e a cocaína em países como os Estados Unidos está completamente perdida. É que essa indústria é sustentada por uma grande estrutura que ultrapassa o imaginário dos tais dependentes.
E quem são esses que sustentam essa industria? São pessoas que não vivem nos bairros negros. Não são negros na sua maioria, não são analfabetos porque tiveram a melhor educação possível. São executivos, senhores de grandes empresas, membros do governo, do senado e de outras estruturas do poder.
Não têm famílias desestruturadas, não vivem na periferia e nem são desempregados, são os tais de colarinho branco que a gente sempre fala e ninguém os conhece. Todos sabem que existem mas nunca são presos. Não são parados na estrada, não são revistados e nunca a polícia ousa tirar a peruca das suas cabeças.
Sim, são esses que levam a droga para aqueles bairros pobres, são eles que se enriquecem com essa droga e são eles que alienam a mente daqueles pobres negros e depois mandam a sua polícia para os prender. Passam a ser mais uma contribuição nas estatísticas de centenas de milhares de negros nas cadeias Américas. Coisas que tu reportaste.
Não estou aqui a defender os consumidores de droga de Miami. Estou a chamar a tua atenção para perguntas que não fizeste. Se calhar não eram necessárias para a tua reportagem, mas se fores a ver as imagens vais perceber a razão da minha indignação: nós negros, vítimas de estigma, de preconceito e até de racismo. Como mostraste, basta ver um carro de jovens negros a passar devem com certeza ter drogas e se for um carro de jovens brancos?
Outra pergunta que não foi feita é como esses bairros pobres quase 100% habitados por negros são sustentados. São sustentados por políticas públicas capitalistas que não criam acções afirmativas no sentido de reduzir desigualdades sociais. São bairros que ilustram o verdadeiro lado do capitalismo: enriquecer a poucos, os fortes e empobrecer a muitos, os fracos. Quase a mesma linha que estamos a seguir aqui em Moçambique!
Aqueles negros que reportaste a serem presos, mostram o quanto o sistema é cobarde e preconceituoso. Um sistema que busca bodes expiatórios para tranquilizar a sua consciência. Mostram o quanto é dura a vida dos negros. Mostram o quanto ainda é longo o caminho para a nossa afirmação. Aqueles negros mostram o quanto a estrutura do tráfico da droga é forte, fortalecida e protegida. Mostra o quanto o círculo vai cada vez mais beneficiar aos verdadeiros traficantes de droga.
A próxima vez que fores aos Estados Unidos para trabalhos de género procure entrevistar as famílias dos negros detidos e perceber os dramas do seu dia-a-dia. Procure também visitar os bairros dos brancos, procure saber da vida deles e compare. Se possível pergunte a polícia para te explicar como é que a droga acaba chegando aos bairros negros.
É quase tudo o que eu tinha a dizer. Obrigado amigo

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Quem é Paul Bogle

Paul Bogle foi um rebelde Jamaicano (1822 - 24 de Outubro de 1865). Bogle nasceu perto dos dias finais da escravidão na Jamaica. Depois da abolição e já adulto, era um homem de situação relativamente melhor do que a dos outros ex-escravos: possuía propriedade particular e sabia ler e escrever. Além disso, Bogle era um dos 106 homens que podiam votar em Saint Thomas.

Como católico, ele usou diversas lições da Bíblia para ajudar a comunidade negra a sobreviver ante as injustiças e a pobreza, principalmente no período pós-escravidão, abolida oficialmente em 1838. A Jamaica passava por um período de convulsão social, tendo em vista que os grandes proprietários de terra (brancos) não aceitavam que os ex-escravos tivessem quaisquer direitos, de forma que esses latifundiários cobravam taxas abusivas e promoviam julgamentos totalitários para o povo. E começou a correr rumores de que os latifundiários brancos queriam voltar com a escravidão.

Além disso, após os massacres dos europeus durante a Rebelião Indiana de 1857, a população britânica na Jamaica, como em muitas outras colônias britânicas, estava com medo de uma sublevação negra.

Foi neste panorama que Bogle tentou promover uma marcha até a sede do governo clamando por justiça racial. Porém, não se sabe ao certo o motivo, as pessoas desistiram da marcha, num episódio que o cantor Bob Marley descreveria poeticamente quase um século depois: "I'll never forget, they turn they back on Paul Bogle." Em português, “eu nunca esquecerei, eles viraram as costas para Paul Bogle”.

Porém de fato esta não foi a realidade. Em 1865 ocorreu um julgamento de dois negros que residiam na mesma localidade de Bogle. Ele e alguns homens foram até Morant Bay para dar apoio aos acusados, até porque havia mandado de prisão expedido para o próprio Bogle. Um homem seria preso injustamente, e Bogle intercedeu e evitou que a polícia o prendesse. A seguir, voltou para sua cidade, Stony Gut, e a polícia passou a persegui-lo. Nessa ocasião, toda a população negra oprimida deu suporte a Bogle. Assim, marcharam em protesto para a sede do governo novamente, onde foram recebidas a tiros; cerca de 20 pessoas do grupo de Bogle foram mortas.

O grupo voltou para Stony Gut, sendo perseguido pelas tropas do governo inglês de John Eyre, e assim se constituía a chamada Revolta de Morant Bay, que se deus aos dias 11 de outubro de 1865. A cidade Stony Gut foi completamente destruída, e suas as casas foram queimadas.

Bogle foi capturado pelas autoridades inglesas, condenado e enforcado dias mais tarde, em 24 de outubro do mesmo ano. Cerca de 440 pessoas também foram executadas e outras punições foram aplicadas, como a flagelação de mais de 600 homens e mulheres (incluindo algumas mulheres grávidas), e longas penas de prisão.

Até os dias de hoje, Bogle é considerado um herói nacional da Jamaica por conta da Revolta de Morant Bay.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Discurso de Tomada de Posse: Dilma, Primeira Presidente do Brasil

Dilma Roussef, Presidenta do Brasil:

“Minhas amigas e meus amigos de todo o Brasil,

É imensa a minha alegria de estar aqui. Recebi hoje de milhões de brasileiras e brasileiros a missão mais importante de minha vida. Este fato, para além de minha pessoa, é uma demonstração do avanço democrático do nosso país: pela primeira vez uma mulher presidirá o Brasil. Já registro portanto aqui meu primeiro compromisso após a eleição: honrar as mulheres brasileiras, para que este fato, até hoje inédito, se transforme num evento natural. E que ele possa se repetir e se ampliar nas empresas, nas instituições civis, nas entidades representativas de toda nossa sociedade.

A igualdade de oportunidades para homens e mulheres é um principio essencial da democracia. Gostaria muito que os pais e mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas, e lhes dissessem: SIM, a mulher pode!

Minha alegria é ainda maior pelo fato de que a presença de uma mulher na presidência da República se dá pelo caminho sagrado do voto, da decisão democrática do eleitor, do exercício mais elevado da cidadania. Por isso, registro aqui outro compromisso com meu país:

Valorizar a democracia em toda sua dimensão, desde o direito de opinião e expressão até os direitos essenciais da alimentação, do emprego e da renda, da moradia digna e da paz social.
Zelarei pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa.
Zelarei pela mais ampla liberdade religiosa e de culto.
Zelarei pela observação criteriosa e permanente dos direitos humanos tão claramente consagrados em nossa constituição.
Zelarei, enfim, pela nossa Constituição, dever maior da presidência da República.
Nesta longa jornada que me trouxe aqui pude falar e visitar todas as nossas regiões. O que mais me deu esperanças foi a capacidade imensa do nosso povo, de agarrar uma oportunidade, por mais singela que seja, e com ela construir um mundo melhor para sua família. É simplesmente incrível a capacidade de criar e empreender do nosso povo. Por isso, reforço aqui meu compromisso fundamental: a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras.

Ressalto, entretanto, que esta ambiciosa meta não será realizada pela vontade do governo. Ela é um chamado à nação, aos empresários, às igrejas, às entidades civis, às universidades, à imprensa, aos governadores, aos prefeitos e a todas as pessoas de bem.

Não podemos descansar enquanto houver brasileiros com fome, enquanto houver famílias morando nas ruas, enquanto crianças pobres estiverem abandonadas à própria sorte. A erradicação da miséria nos próximos anos é, assim, uma meta que assumo, mas para a qual peço humildemente o apoio de todos que possam ajudar o país no trabalho de superar esse abismo que ainda nos separa de ser uma nação desenvolvida.

O Brasil é uma terra generosa e sempre devolverá em dobro cada semente que for plantada com mão amorosa e olhar para o futuro. Minha convicção de assumir a meta de erradicar a miséria vem, não de uma certeza teórica, mas da experiência viva do nosso governo, no qual uma imensa mobilidade social se realizou, tornando hoje possível um sonho que sempre pareceu impossível.

Reconheço que teremos um duro trabalho para qualificar o nosso desenvolvimento econômico. Essa nova era de prosperidade criada pela genialidade do presidente Lula e pela força do povo e de nossos empreendedores encontra seu momento de maior potencial numa época em que a economia das grandes nações se encontra abalada.

No curto prazo, não contaremos com a pujança das economias desenvolvidas para impulsionar nosso crescimento. Por isso, se tornam ainda mais importantes nossas próprias políticas, nosso próprio mercado, nossa própria poupança e nossas próprias decisões econômicas.

Longe de dizer, com isso, que pretendamos fechar o país ao mundo. Muito ao contrário, continuaremos propugnando pela ampla abertura das relações comerciais e pelo fim do protecionismo dos países ricos, que impede as nações pobres de realizar plenamente suas vocações.

Mas é preciso reconhecer que teremos grandes responsabilidades num mundo que enfrenta ainda os efeitos de uma crise financeira de grandes proporções e que se socorre de mecanismos nem sempre adequados, nem sempre equilibrados, para a retomada do crescimento.

É preciso, no plano multilateral, estabelecer regras mais claras e mais cuidadosas para a retomada dos mercados de financiamento, limitando a alavancagem e a especulação desmedida, que aumentam a volatilidade dos capitais e das moedas. Atuaremos firmemente nos fóruns internacionais com este objetivo.

Cuidaremos de nossa economia com toda responsabilidade. O povo brasileiro não aceita mais a inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios. O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável.

Por isso, faremos todos os esforços pela melhoria da qualidade do gasto público, pela simplificação e atenuação da tributação e pela qualificação dos serviços públicos. Mas recusamos as visões de ajustes que recaem sobre os programas sociais, os serviços essenciais à população e os necessários investimentos.

Sim, buscaremos o desenvolvimento de longo prazo, a taxas elevadas, social e ambientalmente sustentáveis. Para isso zelaremos pela poupança pública.

Zelaremos pela meritocracia no funcionalismo e pela excelência do serviço público. Zelarei pelo aperfeiçoamento de todos os mecanismos que liberem a capacidade empreendedora de nosso empresariado e de nosso povo. Valorizarei o Micro Empreendedor Individual, para formalizar milhões de negócios individuais ou familiares, ampliarei os limites do Supersimples e construirei modernos mecanismos de aperfeiçoamento econômico, como fez nosso governo na construção civil, no setor elétrico, na lei de recuperação de empresas, entre outros.

As agências reguladoras terão todo respaldo para atuar com determinação e autonomia, voltadas para a promoção da inovação, da saudável concorrência e da efetividade dos setores regulados.
Apresentaremos sempre com clareza nossos planos de ação governamental. Levaremos ao debate público as grandes questões nacionais. Trataremos sempre com transparência nossas metas, nossos resultados, nossas dificuldades.

Mas acima de tudo quero reafirmar nosso compromisso com a estabilidade da economia e das regras econômicas, dos contratos firmados e das conquistas estabelecidas.

Trataremos os recursos provenientes de nossas riquezas sempre com pensamento de longo prazo. Por isso trabalharei no Congresso pela aprovação do Fundo Social do Pré-Sal. Por meio dele queremos realizar muitos de nossos objetivos sociais.

Recusaremos o gasto efêmero que deixa para as futuras gerações apenas as dívidas e a desesperança.

O Fundo Social é mecanismo de poupança de longo prazo, para apoiar as atuais e futuras gerações. Ele é o mais importante fruto do novo modelo que propusemos para a exploração do pré-sal, que reserva à Nação e ao povo a parcela mais importante dessas riquezas.

Definitivamente, não alienaremos nossas riquezas para deixar ao povo só migalhas. Me comprometi nesta campanha com a qualificação da Educação e dos Serviços de Saúde. Me comprometi também com a melhoria da segurança pública. Com o combate às drogas que infelicitam nossas famílias.

Reafirmo aqui estes compromissos. Nomearei ministros e equipes de primeira qualidade para realizar esses objetivos. Mas acompanharei pessoalmente estas áreas capitais para o desenvolvimento de nosso povo.

A visão moderna do desenvolvimento econômico é aquela que valoriza o trabalhador e sua família, o cidadão e sua comunidade, oferecendo acesso a educação e saúde de qualidade. É aquela que convive com o meio ambiente sem agredí-lo e sem criar passivos maiores que as conquistas do próprio desenvolvimento.

Não pretendo me estender aqui, neste primeiro pronunciamento ao país, mas quero registrar que todos os compromissos que assumi, perseguirei de forma dedicada e carinhosa. Disse na campanha que os mais necessitados, as crianças, os jovens, as pessoas com deficiência, o trabalhador desempregado, o idoso teriam toda minha atenção. Reafirmo aqui este compromisso.

Fui eleita com uma coligação de dez partidos e com apoio de lideranças de vários outros partidos. Vou com eles construir um governo onde a capacidade profissional, a liderança e a disposição de servir ao país será o critério fundamental.

Vou valorizar os quadros profissionais da administração pública, independente de filiação partidária.

Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles. De minha parte não haverá discriminação, privilégios ou compadrio.

A partir de minha posse serei presidenta de todos os brasileiros e brasileiras, respeitando as diferenças de opinião, de crença e de orientação política.

Nosso país precisa ainda melhorar a conduta e a qualidade da política. Quero empenhar-me, junto com todos os partidos, numa reforma política que eleve os valores republicanos, avançando em nossa jovem democracia.

Ao mesmo tempo, afirmo com clareza que valorizarei a transparência na administração pública. Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito. Serei rígida na defesa do interesse público em todos os níveis de meu governo. Os órgãos de controle e de fiscalização trabalharão com meu respaldo, sem jamais perseguir adversários ou proteger amigos.

Deixei para o final os meus agradecimentos, pois quero destacá-los. Primeiro, ao povo que me dedicou seu apoio. Serei eternamente grata pela oportunidade única de servir ao meu país no seu mais alto posto. Prometo devolver em dobro todo o carinho recebido, em todos os lugares que passei.

Mas agradeço respeitosamente também aqueles que votaram no primeiro e no segundo turno em outros candidatos ou candidatas. Eles também fizeram valer a festa da democracia.

Agradeço as lideranças partidárias que me apoiaram e comandaram esta jornada, meus assessores, minhas equipes de trabalho e todos os que dedicaram meses inteiros a esse árduo trabalho. Agradeço a imprensa brasileira e estrangeira que aqui atua e cada um de seus profissionais pela cobertura do processo eleitoral.

Não nego a vocês que, por vezes, algumas das coisas difundidas me deixaram triste. Mas quem, como eu, lutou pela democracia e pelo direito de livre opinião arriscando a vida; quem, como eu e tantos outros que não estão mais entre nós, dedicamos toda nossa juventude ao direito de expressão, nós somos naturalmente amantes da liberdade. Por isso, não carregarei nenhum ressentimento.

Disse e repito que prefiro o barulho da imprensa livre ao silencio das ditaduras. As criticas do jornalismo livre ajudam ao pais e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório.

Agradeço muito especialmente ao presidente Lula. Ter a honra de seu apoio, ter o privilégio de sua convivência, ter aprendido com sua imensa sabedoria, são coisas que se guarda para a vida toda. Conviver durante todos estes anos com ele me deu a exata dimensão do governante justo e do líder apaixonado por seu pais e por sua gente. A alegria que sinto pela minha vitória se mistura com a emoção da sua despedida.

Sei que um líder como Lula nunca estará longe de seu povo e de cada um de nós. Baterei muito a sua porta e, tenho certeza, que a encontrarei sempre aberta. Sei que a distância de um cargo nada significa para um homem de tamanha grandeza e generosidade. A tarefa de sucedê-lo é difícil e desafiadora. Mas saberei honrar seu legado. Saberei consolidar e avançar sua obra.

Aprendi com ele que quando se governa pensando no interesse público e nos mais necessitados uma imensa força brota do nosso povo. Uma força que leva o país para frente e ajuda a vencer os maiores desafios.

Passada a eleição agora é hora de trabalho. Passado o debate de projetos agora é hora de união. União pela educação, união pelo desenvolvimento, união pelo país. Junto comigo foram eleitos novos governadores, deputados, senadores. Ao parabenizá-los, convido a todos, independente de cor partidária, para uma ação determinada pelo futuro de nosso país.

Sempre com a convicção de que a Nação Brasileira será exatamente do tamanho daquilo que, juntos, fizermos por ela.

Muito obrigada.